Empreender em Portugal pode ser uma ótima oportunidade, especialmente em um país que vem crescendo em inovação e recebendo cada vez mais estrangeiros. Se você está pensando em abrir um negócio por lá, é fundamental entender alguns pontos-chave, preparar-se adequadamente e conhecer as diferenças entre empreender em Portugal sendo um cidadão português ou estrangeiro.
Aqui, exploramos esses aspectos em detalhes, além de destacar os tipos de negócios mais promissores no país.
GUIA RÁPIDO DE LEITURA
Mercado de trabalho em Portugal
Em 2024, o país continua a apresentar uma das menores taxas de desemprego na Zona do Euro, com menos de 7%, destacando-se na recuperação econômica pós-crise. Isso é especialmente vantajoso para profissionais qualificados, pois há uma demanda crescente em áreas como logística, marketing e engenharia, embora essas posições sejam mais concorridas devido ao alto nível educacional dos portugueses.
Há também muitas oportunidades em trabalhos operacionais, como recepcionista, segurança e garçom, que não exigem ensino superior, facilitando a inserção de novos moradores no mercado.
Como empreender em Portugal?
Empreender em Portugal é atrativo, especialmente com o PIB em crescimento e um ambiente favorável a negócios. Assim como em qualquer país, é necessário passar pelo processo de abertura de sua empresa, escolhendo em qual regime ela atuará, por exemplo.
Estrangeiros precisam de visto para iniciarem seu próprio negócio em terras estrangeiras. Enquanto cidadãos que possuem a cidadania portuguesa, poderão pular essa parte.
Para brasileiros é necessário solicitar o visto D2/Gold caso ainda não seja residente de Portugal (clique aqui e veja todos os tipos de visto português). Esse tipo de visto é focado em atividades profissionais independentes e, por isso, requer um maior investimento inicial ou a criação de uma quantidade pré-determinada de vagas de empregos no país.
Caso o brasileiro já resida no país e possua o visto de trabalho, ele não precisará ser renovado ou alterado para abrir sua própria empresa.
Empreendimento individual
- Empresário em nome individual: não existe quantia mínima para o capital social;
- Sociedade Unipessoal por Quotas: assim como no caso anterior, não existe quantia mínima para o capital social;
- Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada: o capital mínimo deve ser de 5 mil euros, sendo que um terço disso deve ser pago em forma monetária e seu restante pago em penhoras e afins.
Documentos necessários:
– Aprovação do visto solicitado;
– Cartão de Contribuinte (NIF);
– Documento de identificação com foto;
Empreendimento em grupo
- Sociedade por Quotas: o capital mínimo deve ser de 5 euros divididos em quotas de 100 euros.
- Sociedade Anônima: capital mínimo de 50 mil euros.
- Sociedade em Nome Coletivo: não existe quantia mínima para o capital social.
- Sociedade em Comandita: capital mínimo de 50 mil euros.
- Cooperativa: capital mínimo de 3.000 euros.
Documentos necessários:
– Aprovação do visto solicitado;
– Cartão da empresa;
– Ata da Assembleia Geral certificado a abertura do negócio;
Após obter seu visto, o próximo passo é escolher uma firma pré-aprovada, ou seja, selecionar o nome de sua empresa.
Os documentos devem ser apresentados no balcão do “Empresa na Hora”, onde o processo leva cerca de uma hora. No entanto, abrir uma empresa envolve investimentos, incluindo o pagamento de taxas, que devem ser feitos em euros. A taxa de abertura é de 360 euros.
Além disso, há outros impostos a serem considerados: o IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas), que é de 25%; a Derrama, que pode chegar a 1,5%; o IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), com taxas variando entre 6%, 13% ou 23%; e a taxa sobre os salários dos colaboradores.
Após a conclusão, o solicitante recebe os documentos da empresa, incluindo o Pacto Social, códigos de acesso à Certidão Permanente de Registro Comercial e ao cartão eletrônico, além do Número de Segurança Social. Por fim, é necessário indicar um contador e depositar o capital social em uma conta da sociedade em até cinco dias úteis.
Como fazer um bom plano de negócio?
Um plano de negócio bem estruturado é a base de qualquer empreendimento de sucesso. Ele deve ser claro, conciso e apresentar viabilidade financeira. Aqui estão os principais pontos que você deve considerar:
- Resumo executivo: uma visão geral do seu negócio, incluindo a missão, visão e os principais objetivos. Esse é o primeiro ponto que investidores e bancos irão avaliar.
- Análise de mercado: apresente dados sobre o mercado em que você pretende atuar. Qual é o público-alvo? Quais são as tendências? Como você planeja se diferenciar da concorrência?
- Estratégia de marketing: explique como você vai divulgar seu produto ou serviço, quais canais de venda serão utilizados e como você pretende atrair e reter clientes.
- Plano operacional: detalhe o funcionamento diário do seu negócio, desde fornecedores até a logística.
- Análise financeira: inclua projeções de receita, fluxo de caixa e lucro, além de estimativas de custos fixos e variáveis. Os números precisam ser realistas e sustentáveis.
Empreender em Portugal sendo estrangeiro X com a cidadania portuguesa
Há algumas diferenças importantes entre empreender em Portugal sendo um cidadão português e sendo estrangeiro.
- Facilidade de registro: para os cidadãos portugueses, o processo de abrir uma empresa é um pouco mais simples, já que não é necessário solicitar autorizações de residência ou vistos específicos. Para estrangeiros, especialmente de fora da União Europeia, é preciso obter um visto de residência para empreendedores (Visto D2) ou investidores (Golden Visa), o que pode exigir mais tempo e planejamento.
- Acesso a benefícios fiscais: estrangeiros com residência legal em Portugal têm acesso aos mesmos benefícios fiscais que cidadãos portugueses, mas é importante verificar se existem tratados ou acordos bilaterais entre Portugal e o país de origem do empreendedor.
- Integração no mercado: cidadãos portugueses, naturalmente, têm mais facilidade em se integrar ao mercado e na comunicação. Para estrangeiros, aprender o idioma e entender a cultura empresarial local pode ser um desafio inicial, mas essencial para o sucesso.
- Networking: a rede de contatos é essencial em qualquer negócio. Estrangeiros podem enfrentar mais dificuldades para criar uma rede de apoio, mas Portugal possui várias incubadoras e programas de apoio a startups que podem ajudar nesse processo.
Empreendimentos rentáveis em Portugal
Portugal oferece diversas oportunidades para empreendedores, mas algumas áreas têm se destacado nos últimos anos, especialmente devido ao crescimento econômico do país e ao aumento do turismo.
Embora Portugal e Brasil compartilhem similaridades culturais, seus hábitos de consumo são diferentes. Analisar o comportamento dos portugueses é essencial para o sucesso do negócio
Turismo e hospitalidade: Portugal é um dos destinos turísticos mais populares da Europa, e o setor de turismo continua a crescer. Negócios como hotéis butique, aluguéis de temporada e restaurantes de alta qualidade têm grande potencial.
Tecnologia e startups: Lisboa e Porto estão se tornando hubs tecnológicos, atraindo startups de todo o mundo. Negócios ligados a tecnologia, inovação e desenvolvimento de software encontram um ambiente favorável, com diversos programas de aceleração e financiamento.
Imobiliário: o setor imobiliário é uma área promissora e há anos vem crescendo em Portugal, tanto para compra e venda quanto para aluguel. Cidades como Lisboa, Porto e Algarve são destinos populares para investidores, especialmente em propriedades voltadas para turistas.
Gastronomia: Portugal é conhecido por uma gastronomia farta, e os negócios ligados à culinária têm boa aceitação. Restaurantes, cafés e padarias com um toque de inovação ou foco em produtos locais podem prosperar.
Sustentabilidade e energias renováveis: o país tem investido fortemente em energias renováveis. Negócios relacionados a sustentabilidade, eficiência energética e tecnologia limpa têm um futuro promissor.
Compra de empresas prestes a fechar: investir em uma empresa já estabelecida pode ser uma opção viável e com preços mais acessíveis. No entanto, é essencial ter conhecimento e pesquise o histórico da empresa e a base de clientes.
Empreendimentos virtuais: lojas virtuais têm se popularizado em Portugal, sendo o e-commerce, serviços freelancer e venda de artigos usados áreas promissoras. Esses negócios refletem o comportamento de consumo local.
Compra e venda de bens: durante a crise na Zona do Euro, muitos venderam bens a preços baixos para obter dinheiro rápido. Comprar e revender esses itens pode ser uma boa oportunidade de lucro.